Ontem tive o prazer de gritar gol do Brasil muitos segundos antes de todos os que estavam a minha volta, assistindo pelo cabo e pela TV. Hoje, comparando o sinal digital com o velho sinal analógico, descobri que, em todo o país, a imensa maioria de brasileiros sem acesso à TV paga ou ao sinal digital do SBTVD, gritou gol em média quatro segundos antes de mim. E, dependendo da emissora, esse delay poderia ter sido ainda maior.
Explico.
Na prática, nenhuma transmissão de TV é em tempo real, no sentido literal do termo. Mas a captação e a distribuição do sinal analógico são as que exigem menor tempo de codificação por parte das emissoras, chegando mais rápido às nossas TVs. A transmissão digital requer algum retrabalho de pós-produção e cuidado com áudio HDMI, para garantir qualidade de som e imagem. E o cabo, nem se fala, já que recebe esse sinal digital para retransmitir, aumentando ainda mais o delay.
Razão pela qual vi o gol no celular com recepção 1-seg quatro segundos depois do sinal analógico, oito segundos antes do cabo e 18 segundos antes da transmissão pela Internet.
Interatividade
Hoje, por curiosidade, comparei o sinal digital do meu celular 1-Seg de primeira geração com o sinal digital do celular 1 -Seg de última geração e recursos de interatividade. Como era de esperar, a Globo manteve o sinal de vídeo perfeito, com recepção idêntica nos dois aparelhos. A aplicação interativa, de pouco mais de 250K, e transmitida na íntegra a cada 5 minutos pela emissora, é que sofre um pouco com a qualidade do sinal.
Onde o sinal é melhor, a primeira carga da aplicação no celular demora menos de dois minutos, e as atualizações são praticamente imperceptíveis pelo usuário.
Onde o sinal é mais ou menos, a aplicação chega a demorar quatro minutos para carregar pela primeira vez, e as atualizações continuam praticamente imperceptíveis, salvo algum engasgo no uso (que só senti ao tentar mover a tela lateralmente, para navegar entre os resultados de cada grupo).
Já onde o sinal é ruim, a aplicação pode ficar carregando de forma ininterrupta até que o sinal melhore e a transmissão consiga ser feita na íntegra antes do fim do intervalo de cinco minutos, quando a emissora torna a retransmitir o pacote de dados na íntegra, forçando o carregamento desde o início, como nos velhos downloads da internet.
Caminhando
Os mais críticos podem achar tudo isso muito ruim. Sinceramente, minha opinião é a de que estamos avançando muito bem. Do ponto de vista tecnológico, o SBTVD continua dando show. Já com relação ao desenvolvimento do mercado, poderíamos estar bem melhor.
O que importa é ter em mente que esse ecossistema ainda está na mais tenra infância. E que, até aqui, a julgar pela reclamação generalizada de quem já tem o privilégio de ver a Copa em HDTV, mas com delay para o sinal analógico, as emissoras têm razão ao dizer que, com toda a vantagem de independência de grade oferecida pela broadband TV, nada supera a TV aberta em transmissões ao vivo de grandes eventos esportivos como a Copa.
Créditos: IDG Now
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